'Black
blocs' agem com inspiração fascista
Por Antonio Lassance
É a opinião da filósofa Marilena Chauí. Em palestra a cadetes e oficiais, professora da USP defende que protestos de
setembro clamem por reformas. Para Marilena Chauí, grupo de manifestantes ataca indivíduos e não tem
caráter revolucionário.
Os "black blocs", grupos que têm promovido atos violentos durante
manifestações, têm mais inclinações fascistas do que anarquistas, afirmou ontem
a filósofa Marilena Chaui, em palestra na Academia da Polícia Militar do Rio de
Janeiro.
Para ela, os grupos têm como foco o ataque a indivíduos e não apresentam um
plano de organização social futuro, em substituição à estrutura social vigente.
"Temos três formas de se colocar. Coloco os blacks' na fascista. Não é
anarquismo, embora se apresentem assim. Porque, no caso do anarquista, o outro
[indivíduo] nunca é seu alvo. Com os blacks', as outras pessoas são o alvo,
tanto quanto as coisas", disse ela.
Chaui afirmou ainda que as manifestações de junho em nada se assemelham aos
protestos de maio de 1968, na França. Para ela, as reivindicações atuais
dialogam com o poder constituído, o Estado.
"O grande lema [em 1968] era: é proibido proibir porque nós somos contra
todas as formas de poder. Não se reivindicou nada. [...] As manifestações de
junho não disseram não' a coisa nenhuma. Eles se dirigiram ao poder, ao Estado
e pediram diminuição da tarifa, mais verba para educação, saúde, CPIs e
auditorias contra a corrupção e contra a Copa. Fizeram demandas institucionais
ao poder."
Professora da USP e doutora honoris causa pela Universidade de Paris, Chaui
participou do ciclo de conferências sobre violência, ministrado para cadetes em
formação e oficiais da PM.
Chaui falou sobre "o mito da não violência brasileira", descrevendo a
estrutura social como "opressiva" em relação aos mais pobres.
A criação da identidade nacional como "passiva" seria uma forma de
evitar mudanças sociais radicais, que prejudiquem os detentores do poder
político e econômico.
Mas, na análise da filósofa, os
"black blocs" não usam o que ela chama de violência revolucionária.
"Ela só se realiza se há um agente revolucionário que tem uma visão do que
é inaceitável no presente e qual a institucionalidade futura que se pretende
construir", afirmou.
Ela ironizou algumas reivindicações desses grupos, como estatização dos bancos
e a saída de Dilma Rousseff da Presidência.
Para Chaui, o modelo "black bloc" é uma mescla de "partidos de
extrema esquerda a procura de uma linguagem intempestiva de reconhecimento
social e nacional" e "essa coisa anárquica".
A filósofa defendeu que as manifestações previstas para setembro empunhem
outras bandeiras.
"É preciso que as manifestações pegassem como tema a reforma política e
tributária", disse.
Para seguir o blog e receber postagens atualizadas acessar link.
http://antoniolassance.blogspot.com.br/2013/08/black-blocs-agem-com-inspiracao-fascista.html
Por Antonio Lassance
Os "black blocs", grupos que têm promovido atos violentos durante manifestações, têm mais inclinações fascistas do que anarquistas, afirmou ontem a filósofa Marilena Chaui, em palestra na Academia da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Para ela, os grupos têm como foco o ataque a indivíduos e não apresentam um plano de organização social futuro, em substituição à estrutura social vigente.
"Temos três formas de se colocar. Coloco os blacks' na fascista. Não é anarquismo, embora se apresentem assim. Porque, no caso do anarquista, o outro [indivíduo] nunca é seu alvo. Com os blacks', as outras pessoas são o alvo, tanto quanto as coisas", disse ela.
Chaui afirmou ainda que as manifestações de junho em nada se assemelham aos protestos de maio de 1968, na França. Para ela, as reivindicações atuais dialogam com o poder constituído, o Estado.
"O grande lema [em 1968] era: é proibido proibir porque nós somos contra todas as formas de poder. Não se reivindicou nada. [...] As manifestações de junho não disseram não' a coisa nenhuma. Eles se dirigiram ao poder, ao Estado e pediram diminuição da tarifa, mais verba para educação, saúde, CPIs e auditorias contra a corrupção e contra a Copa. Fizeram demandas institucionais ao poder."
Professora da USP e doutora honoris causa pela Universidade de Paris, Chaui participou do ciclo de conferências sobre violência, ministrado para cadetes em formação e oficiais da PM.
Chaui falou sobre "o mito da não violência brasileira", descrevendo a estrutura social como "opressiva" em relação aos mais pobres.
A criação da identidade nacional como "passiva" seria uma forma de evitar mudanças sociais radicais, que prejudiquem os detentores do poder político e econômico.
"Ela só se realiza se há um agente revolucionário que tem uma visão do que é inaceitável no presente e qual a institucionalidade futura que se pretende construir", afirmou.
Ela ironizou algumas reivindicações desses grupos, como estatização dos bancos e a saída de Dilma Rousseff da Presidência.
Para Chaui, o modelo "black bloc" é uma mescla de "partidos de extrema esquerda a procura de uma linguagem intempestiva de reconhecimento social e nacional" e "essa coisa anárquica".
A filósofa defendeu que as manifestações previstas para setembro empunhem outras bandeiras.
"É preciso que as manifestações pegassem como tema a reforma política e tributária", disse.