MAIS DO MESMO
Estranho....
é a única definição do meu atual estado.
Venci.... Não sei.... e me deparo mais uma vez com
assustadora sensação de não saber.
Esta que nós seres humanos tanto fugimos,
Especialmente agora que somos “pós-modernos”
E nada somos a mais...
Somos as mesmas crianças aterrorizadas pelo desconhecido
ou ingênuas entregues às seduções ditas irrefreáveis.
Que resta então se nada somos?
Se o tempo é relativo e os sentimentos mais ainda,
Se momentos de afeto são fragmentos do que já foi
dissipado, e agora?
Que somos se nada mais somos?
Racionalizamos os mais cruéis instintos selvagens,
E a morte é tão palatável e a fome da mesma forma,
Enfim, todas as desgraças que provém da imensa
desigualdade por nós forjada e sustentada há tantos séculos, parecem não
existir ao tomarmos nosso anestésico diário de mídia convencional e
publicidades glamourosas que criam a Matrix nossa de cada dia. E agora o que
somos , se não mais pensamos , se nada mais somos?
E depois disso tudo, a raça humana , a nossa maioria esmagadora dorme... acorda ,
existe e dorme... os 365 dias do ano, por décadas, até sua vida biológica chega
ao fim, sem ao menos perceberem que sequer viveram , só existiram...
Habitaram o mundo por décadas e nunca mergulharam para
dentro de si mesmos para encontrarem o seu imenso vazio existencial,
Fruto da aceitação irrestrita ou da exploração maldita
que brota do deus Mercado.
É fatal..Morrer pensando ter vivido e pensar estar
vivendo estando apenas existindo...
Vivos Mortos, assim que os chamo ou lhe chamo se for o
seu caso. É impressionante a velocidade atroz com que destruímos a nós
mesmos...
É impressionante o poder do instante e a sensação de
estar aesmo...
Desfigurados, desumanizados, sempre MAIS DO MESMO...
O hoje repetindo-se, mudando apenas os termos,
Vivemos buscando o que somos, mas por enquanto SÓ
SOMOS MAIS DO MESMO.
Ítalo Agra.
Com essa poesia fiquei em 4º lugar no Concurso de Poesia da FAINTVISA.
14 de Setembro de 2005,
Nenhum comentário:
Postar um comentário